quinta-feira, 28 de junho de 2012

A crise segue dentro de momentos.

E assim reza a história, mais uma vez.
Vai uma euforia incrível pelo país fora, um sorriso constante nos rostos esmorecidos pela "crise" económica e, na minha opinião, principalmente sócio-cultural. Contam-se dias, horas, minutos, segundos. Leva-se a mão ao peito, ouve-se o hino, como se fosse muito comum o português sequer pensar em tão prendada letra da música nacional. Vem aquela adrenalina pelas artérias a fora que nos faz arregalar os olhos.
Durante aquela hora e meia, o povo é unido, é orgulhoso, sente uma força incrível, acredita. Dão lugar aos suspiros, aos palavrões sentidos, aos momentos de terror com medo de sofrer um golo. Mas passa e vai-se mantendo a esperança.
Mas a história repete-se, infelizmente, e ficamos por aqui. Mais um vez o futebol demonstra que não é um tribunal e que não acontece pela justiça, mas muito mais pela sorte.
Os rostos abatem de novo, alguns até lágrimas libertam. Uns abraçam-se, consolam-se, desabafam com mais uns palavrões. Estes palavrões tão únicos, nossos e que dizem tanto. Levantam-se as cabeças, começa-se a sair do estado de euforia, acabam-se as cervejas e é hora de, tristemente, recolher aos nossos cantos. Já todos sabem, a noite não vai ser bem dormida. No dia a seguir esperam-se pelas capas dos jornais, das mil justificações, dos pequenos pormenores, dos nossos erros, das nossas próprias falhas.
E começa tudo novamente.Vem a crítica constante.
Acabou o orgulho patriota, as conversas de café passam a ser sobre a crise, os vizinhos começam-se a observar em busca de especulações da vida alheia.
Os dias prosseguem. O povo prossegue. A crise segue dentro de momentos.


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