segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Na solidão da calçada!

Caminhas.
Tudo escuro, negro, silencio, vazio. Caminhas. Mais um pouco.
Dás por ti a tropeçar, esmurrar o queixo num paralelo.
http://www.trekearth.com/gallery/Europe/Italy/Veneto/Venice/Venice/photo148607.htm
Sentes a pedra a esmagar a tua carne contra o teu maxilar.
Sentes dor. Tens o estado de pânico durante milésimos de segundo.
Sentes o sabor de sangue que vem da tua língua.
Recuperas e rodas-te para te sentares no meio da calçada!
Olhas em volta, ninguém te viu. Não vês ninguém.
O silêncio transforma-se num zumbido arrepiante.
Respiras fundo e tentas levantar-te.
Sentes mil e uma dores, espalhadas pelos pontos do corpo.
De pé tomas a noção real do que aconteceu.
Lanças meia dúzia de palavrões para dentro.
Resmungas com o que te fez cair. Dás um pontapé.
Dói-te na mesma! Mas liberta-te da frustração de tal aborrecimento.
Continuas a tua marcha.
Continuas sozinho, na solidão, no silêncio, no desprezo do mundo.
Continuas no stress de não te ouvirem, na vergonha intelectual.
Sentes-te arrepiado com tais monólogos que aceleram as tuas sinapses cerebrais.
Não paras de pensar, imaginar, criar, viver. Mas estás só!
E assim vai ser. Podes cair as vezes que quiseres. Levantas-te só.
Podes pensar, criar e tentar falar. Estas só.
O mundo deixa-te só. Quando partires ninguém perceberá.

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