quarta-feira, 15 de abril de 2015

Estudos unidos por uma vida ingrata..

A vida na ciência é macabra. Muito.
Primeiro nunca há certezas. Tudo que passe por planear um futuro, torna-se um tormento.
Hoje pensamos numa coisa e amanhã estamos a viver outra.
Nos últimos anos só pensava em estabilizar de uma vez por todas. Sentia-me cansado por não saber o que esperar do amanhã. Mas depois de tentar as coisas não correram bem. E por isso aqui ando eu pelos estados unidos.
Depois de 11 anos académicos pensava que estava na situação estável. Comprar casa, pensar em família, essas coisas de adultos que apenas adultos pensam e têm. Eu pelos vistos ainda não sou um.
Por um lado esta mudança radical é, na perspectiva de carreira, brutal. Por outro abre-me ao meio pela sofrimento e, novamente, pela solidão.
Há pesos e formas de lidar com essas contradições. Umas vezes aguenta-se, outras vezes explode-se.
Não há um livro a explicar o futuro da vida cientifica, nem sequer uma bola mágica. Ninguém me explica, apesar de haver imensa gente a pensar o mesmo... a viver o mesmo.
Há sempre decisões a fazer, e todas elas trazem a sua ingratidão. No final optamos sempre por aquela que achamos que nos vai abrir um futuro melhor, um futuro mais estável. Aquela estabilidade que tanto procuramos.
Enquanto vemos os nossos amigos de infância a viver já essa estabilidade, nós ainda a procuramos! E muitos, infelizmente, de bolsas em bolsas sem perspectivas algumas.
Desta vez tive de optar por algo que me custa, mas acima de tudo magoa alguém mais. Porque essa estabilidade tem um preço. Mas que passe rápido, que cesse essa procura louca e que no fim sorria.
No final estamos neste mundo por curiosidade à ciência.