segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Fernando Pessoa

‎"Não sou nada
Nunca serei nada
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Álvaro de Campos 
( heterónimo de Fernando Pessoa )

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Brutal


Uma das minhas bandas favoritas a fazer o tributo a uma das minhas bandas favoritas! Confuso?!
Nem por isso! Apenas brutal!




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Apago o vento.

Apaga-se o vento. Fica o frio.
Entranha-se pela epiderme, arrepia-me os ossos.
A solidão apega-se a mim, mais uma vez. O desespero dos dias a passar e ver tudo parado.
O desassossego de não ver nada a virar.
Creio em mim que o problema se vai desabar em breve. Como sempre para o lado mais fraco. Tento recarregar um pequeno carregamento de energia e espero pela absolvição total.

Forço-me a reagir, mas a resposta vem lenta e tardia. Não vejo o sol, não vejo a luz. Apenas escuridão, o silêncio, esta minha necessidade de isolamento. 

Abstenho-me do mundo, refugio-me nas minhas próprias sombras e espero.
Espero que tudo fique claro, que tudo se resolva por mim. Assim tem acontecido, porque não acontecerá agora? 
Preciso de um desabafo, de um grito. Mas até a voz se apagou. Não consigo falar. 
Quero imenso falar. Não consigo falar.
E por mais pregos que crave neste caixão criado só por mim, nada me faz ver o monstro que estou a criar. 
E porque razão? Porque motivo?
O silêncio parece-me solução e a razão. 
Apago o vento novamente, deixo-me gelar.
E porque razão me suicidar quando posso, muito bem, fazer ciência? 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

"All That I Wanted" - David Fonseca (Official Video)





How wonderful to see you here, my love

The whole world happens when you’re near, my love

The waterfalls, the northern lights above

They’re so insane and so hard to explain



You were all that i wanted, all that I needed

So don’t make me say it, It would just break it, believe me

You were all that I wanted, all I ever needed

Can’t bring myself to say it

I guess I’ll just keep this a secret

So I can keep it, keep it



The earth turns its endless spin, my love

Tornados grow but fail to win, my love

And there’s a place that I keep dreaming of

Away from here, Illogical and fearless

terça-feira, 6 de novembro de 2012

ACÔRDO ORTOGRÁFICO DA "LÍNGUA PORTUGUESA"

TEXTO HUMORÍSTICO SÔBRE O ACÔRDO ORTOGRÁFICO DA "LÍNGUA PORTUGUESA" ...Ou como assassinar uma língua, mas sem hipocrisias!

O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa…

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam.

Sempre combati o dito Acordo. Mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.

É um fato que não se pronunciam.

Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?

O que estão lá a fazer ? - Aliás, o qe estão lá a fazer ?

Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita, já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.

Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?

Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuir um som único a cada letra. Até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.

Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.

Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.

Simples não é? Se o som é “s”, escreve-se sempre com “s”. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z” .

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k” .Ponha um q.

Não pensem qe me esqesi do som “ch” .

O som “ch” será reprezentado pela letra “x”.

Alguém dix “csix” para dezignar o “x”? Ninguém, pois não?

O “x” xama-se “xis”.

Poix é iso mexmo qe fiqa .

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex .

Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex .

O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural .

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j” .

Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”- e ixtu é lójiqu?

Para qê qomplicar?!?

Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”.

Serto ?

Maix uma letra muda qe eliminamox .

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!

Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex ?

Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox.

Ox asentox só qompliqam !

Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .

A qextão a qoloqar é: á alternativa ?

Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra “a” .

Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado .

Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax .

Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax lê-se “u” e outrax, lê-se “ô” .

Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!

Para qe é qe temux o “u”?

Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil !

Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza:

Quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”.

U mexmu para u som “ê”.

Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i” .

I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.

Sempre. Simplex i sem qompliqasõex .

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx” .

Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu .

Será qe algum dia xegaremux a exta perfeisaum? E difícil, max naum duvidu.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Enterro

Nao importa o quanto queres enterrar o pior do teu passado quando é nele que vais valorizar as tuas glorias actuais. É nessas cicatrizes que vês o quanto feliz és hoje.

A padecer de Zolismo.

Padeço de algo. Um fenómeno que corrói todos os minutos. 
Nunca ter tido um cão é compreensível. Nunca tive realmente um cão e sempre o desejei.
Mais que isso, sempre os vi como animais. Apenas isso, que não poderia ser mais que um animal.

Após ter a Zola, tudo mudou! Virou-me todos os sentimentos ao contrário, e deixa-me com uma sensação que tenho tudo de parecido com a minha avó! 
Sempre a vi repudiar os cães, como se algo de mau se tratasse. Nunca o pensei assim tão negativamente. Até que ela me explicou a razão. A sua frieza tratava-se de um refúgio. Durante a sua juventude tinha de tratar dos cães de caça do próprio pai! Amava-os em demasia e depois via-se ficar sem eles. Sofria tanto como se de uma pessoa se tratasse. 

E eis que chego a essa conclusão. Custa-me passar horas sem poder estar com a Zola! Penso constantemente que estará a podre coitada a fazer sozinha para além de dormir e cheirar os cantos da casa a contar os minutos para chegarmos. 

Aperta-me o peito, faz-me sentir que o tempo não passa e que só quero acabar com tudo depressa para a poder abraçar.

Há quem veja isso como um defeito. Mas eu vejo-o como um fenómeno que só quem tiver animais o entende.
A Zola é a cadela mais louca, brincalhona e simpática que alguma vez tive contacto. É uma grande companheira, e faz-me sentir super cansado depois das caminhadas matinais, mas extremamente feliz quando a vejo a abanar a cauda por me ver.
Não me imagino sem ela. Mas se algum dia tiver de acontecer, vai doer muito.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Orgulhosamente confiante!

E assim faço a minha história. Começo aos poucos, devagar, calmamente, passo a passo, a traçar o meu caminho um campo tão complicado. 
O mundo da ciência é tão complicado que o número de pessoas que o abandonam é extremamente explicito. Há que se fascine antes de entrar nele mas rapidamente se afastam e deixam os seus sonhos mergulhar no fundo do baú. 
De conferência em conferência fui ganhando conhecimentos, não apenas de matéria científica, mas sim pessoalmente com grandes cientistas que por este mundo andam. E provavelmente também começaram assim, calmamente, devagar e com muita esperança. 

Este ano foi de imensas emoções! O facto de estar a acabar o meu doutoramento, de me estar a aproximar da data final, ter imensas coisas para acabar, imensos dados científicos para tratar e publicar,  e ainda de ver datas e teses para escrever, assusta! E deixam-me nervoso 24 horas por dia. É o que sinto neste momento, um nervoso miudinho crónico, que me faz tremer a cada passo. Mas este ano, apesar de tudo, tem sido revelador de potencialidades que eu desconhecia da minha pessoa. Falar para o público, no meio dos tais dinossauros científicos, para eles, tornaram-me mais confiante. Fico com aquela sensação de missão comprida mas especialmente com a sensação de trabalho feito com mérito. Não apenas pessoal, porque estou rodeados por orientadores e colegas que me apoiam, ensinam, ajudam e me fazem explorar ao máximo as minhas capacidades.

E assim vou fazendo história, a minha mesma. 
Comecei com a Coreia do Sul, onde para uma pequena palestra de 40/50 pessoas me senti bem, apesar da tremida voz inicial para quem apresentava a primeira vez numa conferência científica. Depois foi na França, onde para 90 ou mais pessoas me superei a mim mesmo, onde falei com uma convicção, uma confiança, uma força que não sabia que tinha. E fui galardoado por isso. Não só pela imensidão de pessoas interessadas após a apresentação, as muitas ofertas de ideias e colaborações, e ainda com um prémio de Cientista Jovem na área de bioseparação. Hoje é uma peça de decoração no meu gabinete e um ponto de relevo no meu currículo. Estou orgulhoso! Sinto-me ainda mais motivado para tudo, mas com uma peso de responsabilidade enorme para os próximos meses.
O futuro? Não sei, sei que hoje estou feliz e bem. Resta-me continuar e pensar que já cumpri um sonho, pequeno, mas um dia ainda vou ser celebrado pelas minhas conquistas!
Obrigado a todos.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

My sweet 16!



Sweet 16!
Provavelmente o meu melhor aniversário de sempre! 16 anos, coliseu do Porto e um grande concerto de Bush acompanhado pelas minhas primas! E assim passei a idolatrá-las o resto da vida! Se não fosse assim nem sequer gostava delas hoje em dia :p

Obrigado!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

I could never run away from you.

You are the sun and moon and stars, are you
And I could never run away from you

You try at working out chaotic things
And why should I believe myself, not you?

It's like the world is going to end so soon
And why should I believe myself?

You, me and everything caught in the fire
I can see me drowning, caught in the fire

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

5 anos de eterna paciência.


I don't know where you came from 
but I do know that I'm not alone 
be sure that I love you darling 
even though sometimes we won't get along 
there's not a day that passes by, my dear 
that I don't think of the first night we spoke 
and those words are staying upon your skin 
along with that precious smile of hope 

that's why I'm like wait, wait, wait 
don't know you know I could be your home? 
I'm like wait, wait, wait 
cause nobody wants to be alone 

lying there on the kitchen floor 
were the last signs of a helpless soul 
and she knew that he would die right then 
and so she held him until the last breath grew old 
and so she cried as her darling slept 
in between her arms, slid to the floor 
and then she screamed out into the cold, cold night 
oh my God, please don't go 

she was like, wait, wait wait 
I love you more than you know 
she was like, wait, wait, wait 
I don't wanna be alone 

oh, oh, oh, oh, oh, oh (ahem) 
that's why I'm like, wait, wait, wait

5 anos de eterna paciência! 


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Esta minha viagem constante.

Vivo hoje, como desde à 3 anos, a maior etapa e viagem da minha vida.
Cada vez que penso nesta aventura quase que me trato mal. Mas no global, hoje sou uma pessoa muito diferente, para muito melhor em tudo. 



Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

Coreia. Já fui e já vim.

Fui e já cheguei.
A viagem pela Coreia do Sul foi um espanto, um sucesso pessoal, profissional e cheguei carregado de vontade para mais (apesar do cansaço e jetlag).
Um país perto da maravilha. Uma beleza incrível, ao nível do mágico quando nos aproximámos da história que por detrás leva os samurais e budismo como o mais popular.
As ruas limpas, um civismo muito diferente do que esperava. E agora sim, posso dizer que os chineses são tudo o que eu continuo a pensar mas agora resume-se só ao país em si e em nada à Ásia.
Obrigado Coreia, por tudo. Obrigado pela conferencia, pela oportunidade, pelas boas noticias, e mais do que tudo, obrigado pelos preços tão apelativos a fazer-me gastar dinheiro.



Wolfmother - Full Concert



Que belo achado...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Vai chegar o dia.

Vai haver um dia, um daqueles que sempre esperamos.
Vai haver aquele momento, único, memorável.
Vai haver o barulho da garrafa, dos copos, do sorriso nos nossos rostos.
Esse dia vai chegar, seja agora ou depois,
Mas vai chegar. E aí sim, veremos um futuro risonho, longo e com esperança.


murganheira 3

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Amo-te, Portugal

Portugal, 

Estou há que séculos para te escrever. A primeira vez que dei por ti foi quando dei pela tua falta. Tinha 19 anos e estava na Inglaterra. De repente, deixei de me sentir um homem do mundo e percebi, com tristeza, que era apenas mais um dos teus desesperados pretendentes. 

Apaixonaste-me sem que eu desse por isso. Deve ter sido durante os meus primeiros 18 anos de vida, quando estava em Portugal e só queria sair de ti. Insinuaste-te. Não fui eu que te escolhi. Quando descobri que te amava, já era tarde de mais. 

Eu não queria ficar preso a ti; queria correr mundo. Passei a querer correr para ti - e foi para ti que corri, mal pude. 

Teria preferido chegar à conclusão que te amava por uma lenta acumulação de razões, emoções e vantagens. Mas foi ao contrário. Apaixonei-me de um dia para o outro, sem qualquer espécie de aviso, e desde esse dia, que remédio, lá fui acumulando, lentamente, as razões por que te amo, retirando-as uma a uma dentre todas as outras razões, para não te amar, ou não querer saber de ti. 

Custou-me justificar o meu amor por ti. És difícil. És muito bonito e és doce mas és pouco dado a retribuir o amor de quem te ama. Até dás a impressão que tanto te faz seres odiado como amado; que gostas de fingir que estás acima disso, olhando para os portugueses de agora como o céu olha para os passageiros nos aviões. 

Já que estava apaixonado, sem maneira de me livrar - nem sequer voltando para ti e vivendo contigo mais trinta anos - que remédio tinha eu senão começar a convencer-me que havia razões para te amar. 

Encontram-se sempre. E, a partir de certa altura, quando já são seis ou sete razões que se foram arranjando ao longo dos anos, deixamos de amaldiçoar este amor que nos prende a ti e, inevitavelmente, começamos a sentir-nos, muito estúpida e secretamente, vaidosos por te amarmos. Como se fôssemos nós que tivéssemos sido escolhidos. 

Digo nós mas falo por mim. Digo eu sabendo que não sou só eu, que nós somos muitos. Possivelmente todos. Tragicamente todos, um bocadinho. Se calhar estamos todos, de vez em quando, um bocadinho apaixonados por ti. 

A tua pergunta bocejada, de país farto de ser amado, amado de mais, aborrecido com tanto amor, apesar da merda que tens feito e da maneira como nos pagas, é sempre a mesma: «Diz-me lá, então, porque é que me amas...» 

Pois hoje vou-te dizer. Não me interessa nada a tua reacção. Estás a ver? Já comecei a mentir. É sinal que a minha carta de amor já começou. 

Amo-te, primeiro, por não seres outro país. Amo-te por seres Portugal e estares cheio de portugueses a falar português. Não há nenhum outro país, por muito bom ou bonito, onde isso aconteça. 

Mesmo que não achasse em ti senão defeitos e razões para deixar de te amar, preferia isso, mesmo deixando de te amar, a que não existisses. 

Se deixasses de existir, o meu olhar ficava de luto e nunca mais podia olhar para o resto do mundo com os olhos inteiramente abertos ou secos ou interessados. 

Para que continuasses a existir, mesmo fazendo cada vez mais merda, trocava imediatamente ir-me embora de ti e nunca mais poder voltar e nunca mais poder ver-te, e nunca mais encontrar um português ou uma portuguesa, e nunca mais poder ler ou ouvir a língua portuguesa. 

E olha que este é um desejo que muitas vezes tenho. 

Esta é a única verdadeira prova de amor: fazer tudo para que sobreviva quem se ama. Mesmo que nunca mais te víssemos, Portugal, saberíamos que continuavas a existir, que as nossas saudades teriam onde se agarrar. Por muito que mudasses, mal te deixássemos e nunca mais te víssemos, já não mudavas mais.

Mesmo que não houvesse em ti um único pormenor que não houvesse nos restantes países do mundo, que são muitos; mesmo que houvesse um país escondido que fosse igualzinho a Portugal em todos os pormenores; mesmo assim eu amar-te-ia como se fosses o único país do mundo, diferente em tudo. 

Portanto, já viste, ó Portugal: não preciso de nenhuma razão para te amar. Amo-te sem razão. Amo-te às cegas, antes sequer de olhar para ti. Podes ser o pior país do mundo, ou o melhor, ou o mais monotonamente assim-assim. Não me interessa. Amo-te. Amo-te à mesma. Amo-te antes de falarmos nisso. 

Amo-te tanto que, quando perguntas porque é que eu te amo, não fico nervoso nem irritado. Não preciso de tentar dar uma razão convincente. Amo-te à mesma, fiques ou não convencido.

E, mesmo que te aborreças de ouvir todas as razões que tenho para te amar, eu continuarei a dizê-las, porque gosto de dizê-las e porque, que diabo, também eu preciso, às vezes, de me lembrar e de me convencer do quanto eu te amo. 

Amo-te mesmo que sejas impossível de conhecer ou de descrever. Isto é muito importante. O Portugal que eu conheço e descrevo é apenas o Portugal que eu julgo, se calhar, conhecer (pouco) e descrever (mal). 

Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu - para não dizer estrangeiro. 

Por exemplo, uma das razões por que te amo é o teu clima. Acho que tens um bom clima. Mas não julgues que há muitos portugueses apaixonados por ti que concordam comigo. Esses julgam o teu clima dia a dia e hora a hora e gostam dele, quando muito, vinte por cento do ano. Em cada cinco horas do teu clima, gostam de uma e odeiam quatro. 

Pois eu amo-te sem saber sequer se o teu clima é bom ou mau. Não tenho a certeza, mas não interessa: amo-te mesmo ignorando tudo a teu respeito. Amo-te mesmo estando completamente enganado. A pessoa convencida sou eu. Quem está convencido que ama, quando fala do seu amor, não quer convencer ninguém. Quer declarar que ama. Se é bom ou mau nem secundário é. Fica noutro mundo, onde vivemos. 

Como vês, não preciso de razões para te amar. Mas tenho muitas. E boas. A primeira delas é secreta e embaraça-me confessá-la: amo-te, Portugal porque, não sei como e contra todas as provas e possibilidades, acho que és o melhor país do mundo. 

Pronto. Está dito. É uma vergonha pôr as coisas de uma maneira tão simples. Mas era isto que eu estava há que séculos para te dizer: amo-te, Portugal, por seres o melhor país do mundo. 

Como vês não sou o romântico que estava a fingir ser, que te ama sem precisar de razões para isso. Tenho uma razão muito interesseira para te amar: acho que és o melhor país do mundo. Por muito relativista que eu seja noutras coisas, acho mesmo que tive sorte de nascer aqui. Em ti. Aqui, entre nós. 

Desculpa. 

Mesmo assim, insistes em perguntar: que tens tu de tão especial, que os outros países não têm? 

Essa íntima vaidade, por exemplo. Tu não és orgulhoso. Mas, muito bem disfarçada, tens uma vaidade sem fim. Dizes-te feio e vestes-te mal mas, quando passas por um espelho, espreitas e achas-te giro. E se alguém te diz que és feio e estás mal vestido, não ficas ofendido - achas que aquela pessoa é obviamente estúpida e não tem olhos na cara. 

Ou, pelo menos, não tem o discernimento e o bom gosto necessários para apreciar a tua oblíqua mas inegável formosura. A tua beleza, estás convencido, está reservada para os apreciadores. A ralé passa ao lado e não vê: deixá-la passar. 

A tua vaidade é tanta que até te permites um grande desleixo. Sabes que, na terra onde nada plantaste, há-de crescer um jardim preguiçoso que um dia será selvagem e bonito, sem qualquer esforço teu. Deus e o tempo trabalham por tua conta. 

Sabes que a tinta fresca salta muito à vista e que é cansativa. Esperas, despreocupado, pela beleza que há-de vir com a passagem dos tempos. E a vaidade que sussurra, preguiçosamente, a quem insista em aproximar-se: «Sim, eu sei que sou uma casa bonita e não, não me lembro da última vez que fui pintada. Eu cá não preciso de me abonecar.» 

Graças ao desleixo que a tua vaidade consente, mudas menos do que os outros países. As pessoas acham que és conservador, que és contra a mudança. Mas não é isso. És vaidoso e preguiçoso porque achas que não precisas de grandes esforços ou mudanças: sabes que continuas encantador. 

O teu desleixo também é causa de muito sofrimento mas não é numa carta de amor que vou falar dele. Também tem consequências agradáveis. 

Por exemplo, dizes que queres ser um país de primeira categoria. Mas sabemos todos que não queres. Gostas de ser de segunda, como gostas de não ser de terceira. Gostas de ter países melhores do que tu, para visitar ou invocar, quando fazes aquela fita de lamentar que não seja possível teres tudo o que tens de bom, menos tudo o que tens de mau, trocado pelo melhor que houver nos outros países. 

Tu não queres nada a não ser que gostem de ti. E não estás disposto a fazer nada por isso. Nem é preciso serem muitos a gostar. Se calhar, até te bastava um. Aposto que é essa a impressão que consegues dar a cada um dos desgraçados, como eu, que estão apaixonados por ti. 

Eu poderia perder anos a fazer um cuidadoso retrato de ti. Por muito verosímil que fosse, davas uma olhadela e dizias com desdém, a fazer-te caro ao mesmo tempo: «Isso não sou eu. Isso é outro país qualquer que inventaste...» 

É a tua maneira, Portugal amado, de garantir que continuaremos a tentar retratar-te. Tanto te faz que o retrato seja feio ou bonito, desde que seja de ti. 

Quanto mais variados forem, mais gostas. Até tu, nas tuas paisagens, varias e hesitas tanto e recusas-te a decidir, como quem não tem pressa e, no fundo, não escolhe nem decide, porque quer tudo. 

Preferias ser amado por quem tem razões para te odiar? Isso sei eu. Paciência. Eu amo-te porque mereces. Eu amo-te pelas tuas qualidades. Preferias não tê-las. Para que o amor fosse mais puro, mais contraditório, mais injustificável. Mas tens qualidades. 
Desculpa lá dizer-te isto, Portugal, mas amar-te é uma coisa simples. 

Amo-te, aconteça o que acontecer. Amo-te por causa de ti. Não é apesar de ti. É por causa de ti. Não há outra razão. Nem podia haver uma razão mais simples. 

Por muito que te custe ouvir (apesar de eu saber que não só não te custa nada como gostas de ouvir), digo-te: é tão grande o meu amor por ti que até consigo amar-te sem dar por isso. 

Já viste? 

Miguel 


Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público' (10 Junho 2011)


ucanha 4

Factores duvidosos

Ginásios, gajas com calcinha apertada e espelhos. Alguma coisa estranha une estes 3 factores!

domingo, 2 de setembro de 2012

O meu ídolo

casa by Tiago Matos
casa, a photo by Tiago Matos on Flickr.

Apenas do teu olhar reservo um abraço, uma esperança e um grande orgulho!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

De volta.

De volta a Lund. De volta ao mesmo. De volta ao escuro. De volta a chuva. De volta à necessidade de força. De volta à frustração. De volta à bicicleta. De volta aos casacos. De volta ao trabalho. De volta à busca constante do chefe. De volta ao desespero. De volta ao mesmo. De volta ao mesmo. De volta ao mesmo. De volta ao mesmo. De volta...


terça-feira, 14 de agosto de 2012

O fenómeno ditatorial aveirense.

É estranho como o povinho gosta de criticar e reclamar sem sentido. Ora reclamam que as camaras municipais não dão condições às cidades, o que leva
ao decréscimo de turismo. Mas quando as câmaras municipais apoiam e dão uma imagem limpa, organizada e bonita, atraindo o turismo até fazendo a publicidade necessária, esse tipo de criticas são ridículas. Aveiro cumpre esses parâmetros e decidiu incluir um imposto sobre o turismo, onde as dormidas na cidade dão cerca de 1€ ao município, 3€ no caso de hotéis. Ou seja, o valor é mínimo comparando ao que a câmara aveirense gasta para lhes colocar os turistas lá. Mas lá anda tudo a reclamar, porque o português acha que tem direito a tudo e mais alguma coisa, e nem se dão ao trabalho de pensar! E quando pensam muito até costuma dar asneira. Para evitar que pense em contornar o nova lei, não lhes é possível aumentar preços para extorquir ao turista o imposto, sob ameaça de penalizações elevadas. Parece-me que isto só lá vai em formato ditadura. Mas vai! Isto porque Portugal e pequenino se escrevem com p.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Urbanismo à Zé Tuga!

Existem muitas fases da história portuguesa. Vão das monarquias conquistadoras do mundo, à republica populista e social. Vão de ditadura Salazarista a revoluções pacíficas! Vão de ideais novos e empreendedores dos direitos cívicos e sociais, à cambada de chulos, corruptos e... Bem, não queria bem chegar a isto.

Passeando por meio de ruas, de que cidade for, o nosso país deprime logo após um suspiro de beleza. 
Nos centros mais antigos do país, somos rodeados por belos edifícios, praças desenhadas ao pormenor, jardins ainda eles perfeitos. Vemos janelas, portas, o paralelo, o banco de jardim a relembrar as belas estórias por essa história a fora. Podemos romper pelo nosso belo passado, contar ao próximo em que ano determinado edifício foi feito. Podemos imaginar em nosso redor, dos combatentes contra os inimigos do reino, ou de todos aqueles navegadores a prepararem-se para mais uma grande viagem, despedindo-se das famílias. Eu consigo vê-los, fantasiando os momentos. Vejo nessa altura uma organização urbanística incrível, uma necessidade de beleza estética e paisagística impressionante, única e mágica. Isso continuou, mesmo nos tempos pós monarquia, com as repúblicas portuguesas a abrirem portas a mais criatividade, a mais liberdades! Mas isso levou a exageros. Levou a abusos, ao capitalismo. Levou ao esquecimento do urbanismo ao detalhe.

Nos tempos pós Salazarista ainda foi pior. O urbanismo sucumbiu-se na necessidade dos senhores construtores ganharem dinheiro com caixotes mal construídos, fora de contexto, sem qualidade e horrorosos. Basta ver bem a imagem que têm anos depois comparando com prédios bem mais antigos a que me referia anteriormente. 

Portugal deixou de desenhar as ruas, as praças. Hoje em dia constrói-se simplesmente onde há espaço. E qualquer coisa serve. É horrível que o português se deixe levar nisto! É horrível ver o que fizeram e continuam a fazer ao nosso país! 
Portugal está cada vez mais p(P)ortugal! 
Porque Portugal e pequeno se escrevem com p!!!


domingo, 12 de agosto de 2012

Aquele tao primeiro,

Envolvi-te com um braço e beijei-te profundamente na boca. Senti o sabor de todas as pregas dos teus lábios, de todos os contornos da tua lingua. A diferença entre a dureza dos teus dentes e a suavidade da tua boca surpreendeu-me como um milagre da evolução. Por momentos, o nosso beijo tomou o lugar de todo universo.

William sutcliffe


Um pequeno déjà vú meu.

sábado, 11 de agosto de 2012

Potugal das tertúlias!

Ha coisas que não renuncio. Compreendo, adoro e sinto saudades. Mas ha outras que me deixam chocado, e quanto mais tempo passo lá fora, mais pequeno me parece esta mentalidade portuguesa.
Neste primeiro tópico de "Portugal e pequenino escrevem-se com p", vou direccionar apenas para a tv. Nem sequer vou começar com o jornalismo em si! A seu tempo será. Mas as constantes lavagens cerebrais de ignorância e burrice impingida ao publico nacional e assustador. Quem quer saber o que faz o Castelo Branco? Ou o que veste a namorada do Ronaldo quando corta lenha? Pelos vistos todos, pois existem, nos chamados canais livres, tertúlias sobre o que os famosos fazem ou deixam de fazer? Portugal perdeu o assunto de conversa, só sobra isto! É assustador, incrivelmente real!!! Acabou o bom senso, o respeito pelo próximo, a capacidade de comunicação sã e inteligente. O povo esse, sofre estas constantes lavagens cerebrais de que o que é bom e fashion, aceitável pela sociedade, é o que eles, a tv, decidem! E assim andamos nós portugueses, pretendendo ser o que não somos, por meios não nossos, por alguém que nos manipula, enganados, burros e cegos! Portugal está cada vez mais pequenino sem ninguém se aperceber, ou a maioria.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Usain Bolt em Legos

Nunca fui muito abonado com legos, mas tinha amigos com essa sorte e que me deixaram partilhar grandes momentos com eles. Aqui está uma grande montagem em Legos.


Des Legos pour reproduire la finale du 100... by Onbuzz

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Speed Painting Lamego

Lamego é daqueles paraísos citadinos que nunca tenciono lá viver.
A beleza da sua arquitectura histórica não consegue esconder o pior de sí própria.

Ser feliz...

‎"Ser feliz é sentir o sabor da água, a brisa no rosto, o cheiro da terra molhada. É extrair das pequenas coisas grandes emoções. É encontrar todos os dias motivos para sorrir, mesmo se não existirem grandes factos. É rir de suas próprias tolices. É não desistir de quem se ama, mesmo se houver decepções. É ter amigos para repartir as lágrimas e dividir as alegrias. É ser um amigo do dia e um amante do sono. É agradecer a Deus pelo espectáculo da vida..."

Augusto Cury


Lund near home

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

People are Awesome 2012

A continuar a minha lista de afazeres antes dos 30, este video além de ser muito motivador mostra algumas das actividades a fazer em breve!
Próxima será sky jump da Woobang tower sky, Daegu, Coreia do Sul.
Isto se não conseguir fazer ainda estas semanas windsurf aqui mesmo ao lado ou até em Portugal.
Para o inverno está o snowboard em lista!
Atenciosamente

O puto cheio de adrenalina para queimar.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Um dia sem casaco.

E depois de muito esperar, um dia inteiro sem usar casaco... E até vou à praia ao fim do dia!

Lomma

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Vai estudar... Relvas.

Depois de anos a protestar contra o pseudo engenheiro Sócrates, não podia de deixar de contestar mais uma personagem destas, o Miguel Relvas, que nem por Sr o vou tratar!
Anda assim o nosso país, de mão em mão, com estes chulos a limpar os cofres do estado para darem este exemplo ao país! Irá, provavelmente, um dia, aparecer alguém capaz de limpar esta escumalha toda!


Aqui fica um protesto de um professor da universidade de Coimbra, que deve ter estudado bastante para conseguir algo na vida! Agora, durante o Tour de France, resolveu protestar de forma bem original! Já é a segunda aparição que faz durante esta prova, bem desinteressante pelo que dizem.

O Facebook...

O "like" do facebook numa má notícia leva-me a pensar que as pessoas são completamente surreais, e que somos personagens num de filmes de terror!


Amigo - Zeca Afonso


Amigo
Maior que o pensamento
Por essa estrada amigo vem
Por essa estrada amigo vem
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também
Não percas tempo que o vento
É meu amigo também

Em terras
Em todas as fronteiras
Seja bem vindo quem vier por bem
Se alguém houver que não queira
Trá-lo contigo também

Aqueles
Aqueles que ficaram
(Em toda a parte todo o mundo tem)
Em sonhos me visitaram
Traz outro amigo também



Zeca Afonso

Por onde paras?

Onde tens estado tu meu caro abrigo?
Momentos tantos, escondido à vista de todos,
que por mais que sentisse a tua falta nunca te encontrei.

Por onde moras agora,
tu que nunca o teu endereço me facultas-te?
Onde pousas por estas horas?

Onde facultas os teus conhecimentos,
obrigando o mundo a ver-te com bons olhos?

Por onde te caminhas?
Por que ondas navegas, areias corres, rios desces?

Por onde estás meu abrigo, meu esconderijo, meu refúgio?
Que é feito de ti?
Quero muito o teu abraço.


J. Jameson


Daquelas coisas escondidas nos rascunhos, de uns 2 anos atrás!

Lund near home

Auto-materialização

Sinto uma estranha sensação de auto-materialização pessoal.
Como se tivesse de me auto-comprar com coisas que jamais compraria se não tivesse dinheiro!
Apetece-me comprar para me sentir vivo, para me satisfazer com o que nunca tive possibilidade de ter e acima de tudo para ter apenas!
Infelizmente são genes paternos que me devem afectar os neurónios!


Saudades


Estou no autocarro a caminho de casa dos meus pais. Até aqui apanhei um taxi, um metro, um comboio, um avião, outro taxi e agora este autocarro. Numa das paragens vejo um filho ser recebido com gritos pela família, o pai a esfregar-lhe a barriga, o irmão a gargalhar e a mãe com os braços muito abertos. Sei imediatamente que ele vem de longe, como eu, de uma distância que não se pode atravessar sempre que se quer, uma distância que nos impede de pertencer à rotina.
 
Lembro a minha primeira grande despedida, há quase 4 anos. No aeroporto, entre família e amigos, aguentei com um nó na garganta as lágrimas alheias e percebi que a felicidade está directamente ligada ao amor destas pessoas que a vida fez o favor de colocar ao meu lado, pessoas que me amam e ao mesmo tempo compreendem que tenho de ir.

Desde então já vivi muitos reencontros e muitas despedidas, já chorei em aeroportos ao deixar quem não queria ver partir, já fui só abraços e alegria, e já vivi a solidão de chegar a sítios onde ninguém me espera. Enquanto eu transito, estas pessoas aguardam na repetição dos dias que a minha chegada os torne um bocadinho mais cheios.

A caminho, penso no conforto estrutural e inabalável do quotidiano, que a minha ausência não faz colapsar. Um sítio-amor a que posso voltar sempre, e onde sinto que nunca fui embora. Estou constantemente em dívida, de arma em riste contra a ausência, e ainda assim falho, porque não consigo melhor.

Chego pelo mesmo caminho de sempre, de que conheço todas as curvas e cruzamentos. Adivinho o sorriso e o abraço apertado, abraço por todos os abraços que ficaram por dar hoje, esta semana, este mês. Antecipo o cheiro a jantar, o ruído da televisão na sala, os desenhos da toalha na mesa. Sei de cor como será a minha chegada, de tantas vezes que a vivi. Sei-a tão bem que me parece sempre a mesma, uma eterna chegada a uns braços abertos.

A saudade, que só se tem em ausência, é ainda assim um saco que nunca se esvazia, mesmo quando estamos juntos todos os dias, porque são dias contados. Nunca poderei devolver a quem amo os dias que lhes retirei. Posso só tentar que os que partilhamos sejam grandes. Posso só ser mais amor, tentar ser menos falha, e pedir com a humildade da minha pequenez que a vida me permita dar-lhes muito mais.




Sónia Balacó

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Comunicar


Comunicar. É bem mais difícil do que parece. Há quem não fale simplesmente porque não quer, porque não podem ou porque não querem.

E há quem mistura os três sem razão alguma.
Comunicar. Mantém-nos longes da senilidade, da ignorância intelectual e acima de tudo, mantém-nos vivos, em qualquer tipo que viver possa significar para quem me lê.
Comunicar é muito bom, até quando de uma discussão se trata. 

Guardar isso aí dentro, só magoa. 
E, se eu não sei o que fiz, mereço ser comunicado. Se não gosto de algo, comunicarei. Se algo me chatear, discuto.

Mas não é assim tão difícil passar das faltas de comunicação de quem tem 14 anos para alguém bem maduro. Chama-se a isso crescer, viver e ser adulto. 
Comunicar faz parte do ser humano, é essencial promover contacto com os outros, principalmente com quem bem queremos. A partir do momento que se evita o comunicar, talvez esteja na altura de "um murro na mesa"...


quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pearl Jam, finalmente.

Há coisas a realizar antes dos 30! Sim, essa épica e mítica etapa da vida, que nos marca constantemente o batimento cardíaco. Há quem queira fazer desportos radicais, comprar uma mota nova, ou subir ao Evereste. 
Além das milhares de pequenas aventuras com índices de adrenalina fora do normal que ainda desejo realizar, há e haverá sempre grandes concertos que os quero viver antes dos 30. Simplesmente porque eu ainda ontem vi pessoas nas casas dos 40/50 anos a ver Pearl Jam, o que é de valor ainda se terem dado aos novos estilos musicais, mas porque muita gente estava a olhar para eles e a considera-los velhos! 
Provavelmente eles olharam para outros e disseram que os Pearl Jam começaram a tocar ainda eles não eram nascidos. Tirando esse factor de gerações e gostos musicais, ontem assisti a um dos melhores concertos que podia esperar. Uma sensação magnifica, única e difícil de explicar.
Infelizmente não vou a Radiohead, a minha banda favorita sem dúvida, e que infelizmente, mais uma vez, vou faltar. Mas fui a Pearl Jam, o que já é bastante bom. Não é a favorita, mas anda no top10 dos meus gostos músicais. Top 10, porque não sei mesmo qual é a segunda ou terceira, ou oitava banda favorita. Podia nomear imensas, mas não vou perder tempo nisso.
Foi um concerto brilhante. Começou com um espaço fechado, o que levou ao calor elevado (ironicamente também acontece em países nórdicos, esta coisa que chamam calor). A banda X abriu o espectáculo, nada de outro mundo, mas bastante audível. Até que Eddie e companhia se juntaram a eles e todos em palco tocaram  mais que uma música, momento épico para a pequena banda californiana.
Passado algum tempo, regressaram ao palco, com a vontade única de tocar aquilo que, para muitas gerações, tocou nos nossos walkmans, cd 's e mp3. Foi um reviver de vários bons momentos com o som tão típico e característico e único. Ficam sempre momentos do concerto. Alguns dos quais me afastaram de Pearl Jam durante alguns anos, e outros que me uniam à mentalidade de Eddie e companhia. O facto de insistir em falar das grandes bandas de Seattle, de nomear Alice in Chains, Soundgarden, etc, evitando falar de nirvana e colocando-os como uma não banda, sempre me deixaram um pouco com o pé atrás (também não gostava do Kurt quando falava mal deles). Houve ainda momentos em que ele congratulou a Dinamarca por ser o país do mundo que mais produz energia eólica, e criticou os USA pela produção de materiais de guerra e a própria guerra contra o Afeganistão. Ainda houve tempo para um simples adeus a um músico que tinha falecido no dia anterior (The Frogs), amigo dos membros da banda.
Acabou, duas horas e 40 minutos depois com uma grande cover, Baba O'Riley dos The Who. Um espectáculo único, puro e completamente fascinante.
O negativo, para além da temperatura, foi mesmo a cambada de cromos que insistem em fazer vídeos do concerto, sempre com o telemóvel no ar como se estivessem a fazer algo mais do que lixo na base de dados do youtube. Infelizmente há quem pague o bilhete para ver os vídeos depois, porque no concerto em si não prestaram atenção. Já agora, a moda do Facebook é doentia, até durante os concertos há pessoal a "postar" a setlist da banda. Há gente mesmo sem nexo nem sentido da realidade.
Por tudo, obrigado Pearl Jam, acabei de riscar mais um grande concerto da minha lista de bandas que me andam a fugir. Espero poder ver-vos mais vezes.

Aqui fica um pouco para ouvirem..


Note: Habit was played for the first time in Europe since the tragic Roskilde show in 2000. Cropduster had never been played in Europe before. Love Boat Captain was played for the first time in Europe since 2007, at the same venue. No Backspacer-songs were played during the main set, only for the first time since the album was released. Smile was played for two nights in a row, for the first time since November 1996.





segunda-feira, 9 de julho de 2012

The dude...


Adoro este gajo, ou melhor, os filmes onde ele entra (maioritariamente)...

Don't you think you've done enough?




Don't you think you oughtta rest?
Don't you think you oughtta lay you head down?
Don't you think you want to sleep?
Don't you think you oughtta lay your head down
Tonight?

Don't you think you've done enough?
Oh, don't you think you've got enough? well maybe...
You don't think there's time to stop
There's time enough for you to lay your head down,
Tonight, tonight

Let it wash away
All those yesterdays

What are you running from?
Taking pills to get along
Creating walls to call your own
So no one catches you?
Drifting off and doing all the things...
That we... all do

Let them wash away
All those yesterdays
All those yesterdays
All those paper plates
All those yesterdays

You've got time... you've got time to escape
There's still time... it's no crime to escape
It's no crime to escape... it's no crime to escape
There's still time, so escape
It's no crime, crime..

24hours for it...