segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Apago o vento.

Apaga-se o vento. Fica o frio.
Entranha-se pela epiderme, arrepia-me os ossos.
A solidão apega-se a mim, mais uma vez. O desespero dos dias a passar e ver tudo parado.
O desassossego de não ver nada a virar.
Creio em mim que o problema se vai desabar em breve. Como sempre para o lado mais fraco. Tento recarregar um pequeno carregamento de energia e espero pela absolvição total.

Forço-me a reagir, mas a resposta vem lenta e tardia. Não vejo o sol, não vejo a luz. Apenas escuridão, o silêncio, esta minha necessidade de isolamento. 

Abstenho-me do mundo, refugio-me nas minhas próprias sombras e espero.
Espero que tudo fique claro, que tudo se resolva por mim. Assim tem acontecido, porque não acontecerá agora? 
Preciso de um desabafo, de um grito. Mas até a voz se apagou. Não consigo falar. 
Quero imenso falar. Não consigo falar.
E por mais pregos que crave neste caixão criado só por mim, nada me faz ver o monstro que estou a criar. 
E porque razão? Porque motivo?
O silêncio parece-me solução e a razão. 
Apago o vento novamente, deixo-me gelar.
E porque razão me suicidar quando posso, muito bem, fazer ciência? 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

"All That I Wanted" - David Fonseca (Official Video)





How wonderful to see you here, my love

The whole world happens when you’re near, my love

The waterfalls, the northern lights above

They’re so insane and so hard to explain



You were all that i wanted, all that I needed

So don’t make me say it, It would just break it, believe me

You were all that I wanted, all I ever needed

Can’t bring myself to say it

I guess I’ll just keep this a secret

So I can keep it, keep it



The earth turns its endless spin, my love

Tornados grow but fail to win, my love

And there’s a place that I keep dreaming of

Away from here, Illogical and fearless

terça-feira, 6 de novembro de 2012

ACÔRDO ORTOGRÁFICO DA "LÍNGUA PORTUGUESA"

TEXTO HUMORÍSTICO SÔBRE O ACÔRDO ORTOGRÁFICO DA "LÍNGUA PORTUGUESA" ...Ou como assassinar uma língua, mas sem hipocrisias!

O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa…

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam.

Sempre combati o dito Acordo. Mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.

É um fato que não se pronunciam.

Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?

O que estão lá a fazer ? - Aliás, o qe estão lá a fazer ?

Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita, já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.

Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?

Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuir um som único a cada letra. Até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.

Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.

Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.

Simples não é? Se o som é “s”, escreve-se sempre com “s”. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z” .

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k” .Ponha um q.

Não pensem qe me esqesi do som “ch” .

O som “ch” será reprezentado pela letra “x”.

Alguém dix “csix” para dezignar o “x”? Ninguém, pois não?

O “x” xama-se “xis”.

Poix é iso mexmo qe fiqa .

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex .

Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex .

O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural .

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j” .

Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”- e ixtu é lójiqu?

Para qê qomplicar?!?

Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”.

Serto ?

Maix uma letra muda qe eliminamox .

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!

Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex ?

Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox.

Ox asentox só qompliqam !

Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .

A qextão a qoloqar é: á alternativa ?

Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra “a” .

Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado .

Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax .

Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax lê-se “u” e outrax, lê-se “ô” .

Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!

Para qe é qe temux o “u”?

Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil !

Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza:

Quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”.

U mexmu para u som “ê”.

Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i” .

I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.

Sempre. Simplex i sem qompliqasõex .

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx” .

Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu .

Será qe algum dia xegaremux a exta perfeisaum? E difícil, max naum duvidu.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Enterro

Nao importa o quanto queres enterrar o pior do teu passado quando é nele que vais valorizar as tuas glorias actuais. É nessas cicatrizes que vês o quanto feliz és hoje.

A padecer de Zolismo.

Padeço de algo. Um fenómeno que corrói todos os minutos. 
Nunca ter tido um cão é compreensível. Nunca tive realmente um cão e sempre o desejei.
Mais que isso, sempre os vi como animais. Apenas isso, que não poderia ser mais que um animal.

Após ter a Zola, tudo mudou! Virou-me todos os sentimentos ao contrário, e deixa-me com uma sensação que tenho tudo de parecido com a minha avó! 
Sempre a vi repudiar os cães, como se algo de mau se tratasse. Nunca o pensei assim tão negativamente. Até que ela me explicou a razão. A sua frieza tratava-se de um refúgio. Durante a sua juventude tinha de tratar dos cães de caça do próprio pai! Amava-os em demasia e depois via-se ficar sem eles. Sofria tanto como se de uma pessoa se tratasse. 

E eis que chego a essa conclusão. Custa-me passar horas sem poder estar com a Zola! Penso constantemente que estará a podre coitada a fazer sozinha para além de dormir e cheirar os cantos da casa a contar os minutos para chegarmos. 

Aperta-me o peito, faz-me sentir que o tempo não passa e que só quero acabar com tudo depressa para a poder abraçar.

Há quem veja isso como um defeito. Mas eu vejo-o como um fenómeno que só quem tiver animais o entende.
A Zola é a cadela mais louca, brincalhona e simpática que alguma vez tive contacto. É uma grande companheira, e faz-me sentir super cansado depois das caminhadas matinais, mas extremamente feliz quando a vejo a abanar a cauda por me ver.
Não me imagino sem ela. Mas se algum dia tiver de acontecer, vai doer muito.