sábado, 11 de dezembro de 2010

Mais um dia estranho...

São 16:30. Vou no autocarro em direcção à baixa da cidade.
Penso num óptimo sítio para tomar um café quente.
Está tudo gelado, principalmente porque esteve a chover e agora arrefeceu outra vez.
Ainda ontem estive no limite de cair a cada passo que dava sobre o gelo.
Ligo os meus phones ao telemóvel e ouço música. Radiohead - 15 steps.
Uma grande música.
O autocarro vai parando em vários pontos da cidade.
Vê-se imensas pessoas a entrar e a sair. Um movimento contínuo.
Quase que fazia uma música com ritmo, em que cada entrada e saída das pessoas eram um som distinto.
Numa dessas estações acaba de entrar uma pequena miúda. Tem um ar tímido, simples.
Com uns olhos claros pede para a deixarem passar. Está numa cadeira de rodas.
Não tem mais de 15 anos. Estava sozinha e mostra-se independente.
Não paro de pensar o que lhe terá acontecido. Que infelicidade será ser assim.

Passo os meus dias a reclamar porque me acho infeliz por todas as minhas escolhas.

Sinto-me triste por não te ter ao meu lado, sinto-me vazio.
No entanto vejo esta miúda que perdeu um valor físico enorme. 
Mas tem um ar simples.
Enquanto ouço música vou batendo o pé em forma de acompanhar o ritmo.
Ela está de frente para o meu lugar e observa-me a bater o pé.
Que pensamentos lhe irão na mente? 
Estará a pensar o mesmo que eu? 
Eu bato o pé para seguir a música, ela deve-se perguntar tantas vezes porque não o pode fazer.
Não consigo tirar a tristeza de ver a pequena rapariga bloqueada a uma cadeira de rodas.
Há muitas injustiças neste mundo. 
O ser humano passa o tempo a auto destruir-se. 
Álcool, cigarros, drogas. Arrisca a vida no limite da adrenalina, só para se sentir importante.
A miúda de cadeira de rodas não o faria. 
Trocaria de lugar e auto estimava-se. 
Dava valor a todos os passos que daria. Amaria cada segundo de pé. 
A vida é estranha pela injustiça que aplica a quem não merece.


2 comentários:

Anónimo disse...

Não consigo pensar dessa forma; por comparação com os que têm menos sorte do que eu.
Valorizo cada momento, sim, mas há dias em que preciso de me sentir VIVA, cometer um excesso ou uma loucura para sentir a adrenalina nas veias e sentir que vivo e não apenas existo.

Unknown disse...

Eu sinto-me vivo. Mas sinto que não dou valor ao que tenho. sinto-me mais triste do que pessoas que não tê, nada! Sinto-me inútil na sociedade, inútil para com o mundo. Não adianta ser apenas nós. Adianta sim sermos alguém que marca a diferença. Falta-me isso...